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Arquitetos: Espaço Oficina
- Área: 860 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:João Gigante
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Fabricantes: Cosentino, Davide Groppi, Finsa, Forbo, Levantina, Secil Argamassas, Techlam
Descrição enviada pela equipe de projeto. O espaço intervencionado está inserido no interior do Hospital da Venerável Ordem Terceira de S.Francisco, num reconhecido edifício situado na baixa da cidade do Porto. Pelas características do edifício, assim como pela nobreza e peculiaridade de toda a sua envolvente, pretendeu-se com este projecto criar um espaço de referência, não só pelos serviços prestados como pela arquitectura que o envolve. A percepção de um espaço monumental que nos abstrai do lado clínico e técnico, programaticamente presente, e nos leva para o interior de um museu arquitectónico, foi o conceito adoptado.
Dentro deste princípio pretendeu-se realçar e valorizar a história do local, evidenciando a forma das abóbadas existentes e enfatizando as pré-existências das paredes mestras através do contraste com novos materiais e linhas de arquitectura moderna. Conjugaram-se materiais e texturas, novas e existentes, entre tons neutros e densidades propositadas. O aspecto limpo do pladur e microcimentos sem juntas misturou-se com a textura de pedra das paredes mestras e o tijolo burro das abóbadas, destacada pelo tom quente do aço corten e associada rugosidade visual. Dentro desses mesmo materiais conciliou-se a utilização de planos lisos e planos texturados, sejam eles perfurados ou ripados. De modo a salientar este cariz museológico definiu-se uma iluminação ambiente indirecta. A fim de se permitir a percepção das abóbadas existentes, na sua totalidade, as divisórias das salas de exame propostas no espaço da antiga capela, nunca tocam o tecto. Estas divisórias, de 2,20m de altura terminam com envidraçados e uma estrutura metálica, marcando os 3metros de altura exigíveis por lei para salas de exame.
Com a mesma altimetria das paredes anteriormente mencionadas foram marcados os vestiários de toda a clínica e salas de recobro, associado aos respectivos programas, que têm como revestimento painéis cerâmicos com textura e tom de aço corten, e chapa perfurada ao tom de aço corten. Relativamente ao pavimento, pretendeu-se que este tivesse a mesma leitura em toda a clínica e por esse motivo propôs-se a colocação de microcimento, com execpção dos pavimentos da sala de RM, R-X e TAC, que devido a características técnicas são em pavimento vinílico. O balcão da recepção e armário posterior ao mesmo foi tratado como elemento de excepção, revestido num compósito aparente ao mármore carrara. Esse mesmo material foi utilizado no balcão da recepção do piso superior e nas bancadas das instalações sanitárias.
A divisão entre a recepção/sala de espera e o acesso às salas de exames é efectuado através de portas de vidro fosco que permitem separar o que é zona de acesso directo ao público a partir da rua, das zonas mais privadas e com controlo prévio. As várias valências programáticas da zona técnica diferenciam-se através de uma estrutura metálica de estantaria e secretárias associadas e da conjugação de vidro transparente e vido translúcido. Esta opção permite a sensação de open space, valorizada pela parede iluminada proposta a todo o comprimento do espaço em causa. O interior da sala de RM, pela sua especificidade tem um revestimento diferente das restantes salas, optando-se por utilizar um aglomerado antibacteriano ao tom e textura de pinho natural. Mesmo aglomerado utilizados nos tampos das secretárias. Esteticamente, o projecto prima pela diferença e requinte. Trata-se da criação de um espaço de renome, primoroso, nobre e distinto, numa zona privilegiada da cidade do Porto, proveitoso para quem nele trabalha e para quem dele necessita.